O Novo Testamento foi escrito pelos discípulos de
Jesus. A Escritura deles era o Antigo Testamento, e por isso eles se
referem às leis que aparecem no Antigo Testamento. Isso é
frequentemente motivo de controvérsia, devido à complexidade do
assunto. Jesus frequentemente se refere à lei de Deus, e ele disse
que guardou os mandamentos do Pai, permanecendo no seu amor. Esse é
o tema abordado agora.
Desde o princípio
A lei dos dez mandamentos, detalhada em Êxodo, existe
desde o princípio, porque seus mandamentos estão nas entrelinhas de
Gênesis, desde a criação. O quarto mandamento aparece em Gênesis
2:1 a 3; Caim foi condenado por matar seu irmão, em Gênesis 4, o
que nos mostra que o sexto mandamento estava em vigor. A geração
que pereceu no dilúvio foi condenada por sua maldade e corrupção,
por que lei? A dos dez mandamentos, que condena a maldade e a
corrupção. A lei dos dez mandamentos está lá, como se pode
perceber por esses exemplos e diversos outros que encontramos antes
de Moisés.
Essa lei é tão sagrada que Deus falou pessoalmente ao
povo e depois escreveu com o próprio dedo em taboas de pedra (Êxodo
19; 20; 31:18), que foram colocadas dentro da arca da aliança (Êxodo
40:20). Dentre os dez mandamentos o próprio Deus enfatiza o sábado,
porque o povo era rebelde principalmente nesse assunto. Eles
facilmente esqueciam esse mandamento. Êxodo 16:27 a 30 nos diz que,
quando Deus mandou o maná, o pão do céu, deu em dobro na
sexta-feira, porque no sábado deviam descansar, mas alguns teimosos
foram procurar mesmo assim, e Deus os repreendeu. Por viverem muito
tempo no Egito em meio da idolatria, eles haviam incorporado a
idolatria e tinham esquecido o sábado. O sábado é o mandamento que
Deus deu como um dia de descanso solene, para adoração a ele como
Criador, Deus único e soberano, acima de tudo (Êxodo 20:8 a 11;
Levítico 23:3; Salmos 95; Isaías 58:13 a 14; Ezequiel 20:5 a 24).
Guardar esse mandamento não é apenas uma questão de descansar
nesse dia, mas descansar das nossas atividades em adoração
exclusiva a Deus, rejeitando a idolatria e amando as pessoas
(Ezequiel 20:5 a 24; Isaías 58), porque adorar a Deus é um ato de
amor a ele que se reflete no amor às pessoas, e isso inclui guardar
todos os outros mandamentos (I João 2:3 a 11; 4:7 a 21), o que
significa que adorar a Deus no sábado sem obedecer aos outros
mandamentos é profanar seus sábados, como ele enfatiza na passagem
de Ezequiel. Por isso mesmo Paulo diz que todos os mandamentos se
fundamentam no amor ao próximo (Romanos 13:8 a 10) e Jesus diz que a
lei se resume em amor a Deus e ao próximo (Mateus 22:36 a 40). Por
isso Deus diz ao falar desse mandamento: “Lembra-te do dia de
sábado, para o santificar.” Êxodo 20:8 Deus
também o chama de “sábado do Senhor, teu
Deus”
(Êxodo 20:10), “sábado do Senhor” (Levítico
23:4), “meu santo dia” e
“deleitoso e santo dia do Senhor” (Isaías
58:13), “meus sábados” (Ezequiel
20:12, 13, 16, 20, 21, 24). Ele destaca esse mandamento como um sinal
entre ele e seu povo, sinal de que os separou para serem seu próprio
povo (Êxodo 31:13); repete a Moisés que isso deve ser feito porque
ele mesmo descansou da obra da criação nesse dia, e diz que o
sábado é para o seu povo o sinal da aliança dele com eles (Êxodo
31:15 a 17; Ezequiel 20:12). Com tanta ênfase de Deus sobre o
sábado, compreendo que esse é o dia que ele separou exclusivamente
para adoração a ele, como ele diz, seu santo dia, não de Moisés,
até porque quando foi estabelecido em Gênesis, abençoado e
santificado por Deus, Moisés nem tinha nascido.
Leis dadas por meio de Moisés no deserto
Deus deu ao povo hebreu por meio de Moisés diversas
leis: Leis civis – sobre escravos: Êxodo 21:1 a 11, Levítico
25:39 a 55; sobre violência: Êxodo 21:12 a 27; sobre acidentes:
Êxodo 21:28 a 36; sobre roubos e prejuízos: Êxodo 22:1 a 14, sobre
questões morais e religiosas: Êxodo 22:16 a 31; Levítico 18 e 20,
24:10 a 23, 25:1 a 38; Leis cerimoniais, chamadas de ordenanças no
Novo Testamento: Levítico 6:8 a 7:21, 17:1 a 9, 21:1 a 22:33;
Números 6:1 a 21 (detalhes dos tipos de sacrifícios e regras sobre
o santuário, seus rituais e festas relacionadas ao mesmo: Levítico
1:1 a 6:7; 16:1 a 34; 23:4 a 24:9; Êxodo 25:1 a 31:11); Leis de
saúde e sanitarismo: Levítico 11 a 15. Em Deuteronômio se repetem
muitas dessas leis. Essas leis, diferentes da lei dos dez
mandamentos, foram escritas por Moisés em um livro que foi posto ao
lado da arca da aliança (Deuteronômio 31:24 a 26).
Outros sábados além do sábado do quarto mandamento
A
palavra sábado significa feriado ou descanso para o hebreu, devido
ao fato de ter Deus estabelecido o mandamento do sábado como um dia
de descanso nos dez mandamentos, em memória de seu ato de criação.
Os escritores da Bíblia eram hebreus, e por isso usaram a palavra
para falar de outros dias e até anos de descanso. Do sétimo ano,
que Deus deu como um ano de descanso para a terra (Levítico 25:1 a
7), ele disse a Moisés: “Seis anos semearás o
teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus
frutos. Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene
para a terra, um sábado ao Senhor...” Levítico 25:3 e 4. Deus
também disse a Moisés que o dia da expiação, o décimo dia do
sétimo mês (o que poderia ser um sábado da semana ou não, por se
tratar de uma data fixa), seria “sábado de
descanso solene” (Levítico 16:29 a 31 e 23:26 a 32).
O dia da expiação, um sábado que não era o sábado dos dez
mandamentos, era parte das ordenanças referentes ao santuário.
Nesse dia se faziam sacrifícios e rituais do santuário para que
Deus perdoasse os pecados do povo. Esses sacrifícios e rituais,
assim como todos os sacrifícios feitos ao longo do ano e os demais
rituais do santuário, eram figura e sombra do sacrifício de Cristo,
simbolizado pelo cordeiro morto (João 1:29 e 36) e pelos próprios
sacerdotes (Hebreus 7:11 a 19). Havia outros dias de descanso solene
e santas convocações, relacionados às festas com sacrifícios
simbolizando a morte de Cristo: Levítico 23:35, 36 e 39 – festa
dos tabernáculos – dois dias; Levítico 23:21 e 24 – festa do
pentecostes – dois dias; Levítico 23:7 e 8 – festa da páscoa –
dois dias. Sete dias ao todo, contando o dia da expiação.
Na tradição judaica e no contexto deles, todos esses
sete dias eram chamados sábados, por serem dias de descanso,
adoração e festa religiosa. Esses sábados estavam ligados às
festas ritualísticas que eram figura e sombra do sacrifício de
Cristo. O sábado dos dez mandamentos também era um dia de festa,
adoração e santa convocação (Levíticos 23:3), mas não fazia
parte das festas e demais ordenanças ligadas ao santuário.
A lei dos mandamentos na forma de ordenanças
O
Novo Testamento fala de ordenanças e mandamentos na forma de
ordenanças. Contém a definição do que eram essas ordenanças e
qual era a lei referente a elas: “Ora,
a primeira aliança também tinha preceitos (mandamentos)
de serviço sagrado e o seu santuário terrestre. É
isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se
oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta
culto, os quais não passam de ordenanças da carne,
baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções,
impostas até ao tempo oportuno de reforma”. Hebreus 9:1, 9 e 10
Essa
é a lei referente ao santuário e tudo o que o envolvia, e foi dada
430 anos depois do tempo de Abraão (Gálatas 3:17), no deserto,
depois da saída do Egito (Êxodo 12:40), como diz Paulo. Paulo ainda
menciona que está falando da lei registrada por Moisés no Livro da
lei (Gálatas 3:10). Ele enfatiza que Abraão foi aceito, perdoado e
justificado pela fé em Cristo, como nós. E Tiago completa o
assunto, dizendo que a obediência de Abraão a Deus na prática da
lei dos dez mandamentos (Tiago 2:11) em amor foi um ato de fé e
confiança em Deus a ser seguido por nós, porque a fé sem obras é
morta (Tiago 2). Hebreus diz que a mudança da lei se deve à mudança
do sacerdócio levítico para o sacerdócio de Cristo e “Portanto,
por um lado, se revoga a anterior ordenança,
por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou
coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior,
pela qual nos chegamos a Deus.” Hebreus 7:11 a 19. Também
nos diz qual é a nova aliança de Deus feita por meio de Cristo: “E
disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; portanto, após
ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles
dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a
sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me
lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades para sempre”.
Hebreus 10:15 a 17 Aqui
está claro que a lei revogada e abolida foi a das ordenanças,
porque tratava do sacerdócio levítico e seus regulamentos, que foi
substituído pelo sacerdócio de Cristo. E também que nessa nova
aliança Deus põe suas leis em nosso coração pelo Espírito Santo,
produzindo a obediência em nós, como diz Paulo em Gálatas 5:22 e
23, referindo-se à prática dos dez mandamentos. Já me disseram que
não há divisão entre a lei dos dez mandamentos e a lei dos
mandamentos na forma de ordenanças no Novo Testamento. Mas como se
vê isso não é verdade. Até porque Paulo diz que Cristo “aboliu,
na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças”
(Efésios 2:15).
Hebreus também traz uma advertência para não viver deliberadamente
no pecado e sofrer a ira de Deus, em outras palavras, nos adverte a
viver em obediência à sua lei, “porque
o
pecado é a transgressão da lei” (I João 3:4) – Hebreus 10:26 a
31.
Os discípulos ensinaram o evangelho a muita gente em
muitas cidades, e muitos judeus aceitaram a mensagem e fizeram parte
da igreja. Dentre os judeus que faziam parte da igreja havia alguns
que ensinavam que a circuncisão e a lei do santuário referente às
festas de pentecostes, da páscoa, dos tabernáculos, entre outros
costumes relacionados, a qual incluía os sete sábados mencionados
acima, chamada de lei de Moisés, deveria ser praticada pelos
cristãos – Atos 15:1 a 5. Isso causou sérios problemas nas
igrejas de Colossos, da Galácia e de Éfeso. Os gálatas estavam
guardando os dias, meses, tempos e anos da lei das ordenanças
(Gálatas 4:10) e sendo persuadidos à circuncisão para buscar a
salvação e a justificação pela obediência à lei (Gálatas 5:1 a
11). O problema dos Efésios e Colossenses era o mesmo. Por esse
motivo Paulo enviou cartas a essas igrejas, onde explicou claramente
que eles deveriam obedecer a lei dos dez mandamentos vivendo uma vida
nova pela graça de Jesus não para ser salvos pelas obras da lei,
mas como resultado da salvação, pelo poder do Espírito Santo,
aceitando o perdão e a justificação que Jesus nos dá por sua
morte na cruz em um serviço de amor a Cristo (Gálatas 5:13 a 26;
2:16 a 21; Colossenses 3). Eles estavam querendo justificar-se
baseados na circuncisão e na lei dos mandamentos na forma de
ordenanças, que constava de “comida e bebida, dias de festa, lua
nova, sábados e era sombra das coisas que haviam de vir”
(Colossenses 2:16 e 17), e por isso foi abolida por Cristo na cruz
(Efésios 2:15; Colossenses 2:14).
Contradições decorrentes da rejeição dos dez
mandamentos
Confunde-se muito as declarações de Paulo sobre a lei,
e se dissermos que ele fala de uma lei apenas, então temos
contradições diversas na Bíblia: Se Jesus aboliu a lei dos dez
mandamentos, porque o livro de Hebreus diz que a lei dos mandamentos
na forma de ordenanças que Paulo diz ter sido abolida (Efésios
2:15) era a lei referente aos rituais e festas relacionadas ao
santuário? E se Jesus aboliu a lei dos dez mandamentos, porque o
mesmo Paulo diz que devemos obedecer a ela por amor a Jesus (Romanos
13:8 a 10; Gálatas 5:13 a 15; Colossenses 3) e que o Espírito Santo
produz essa obediência de amor em nós (Gálatas 5:16 a 26)?
Prostituição, idolatria, inimizade, inveja, bebedice e glutonaria,
citadas em Gálatas 5:19 a 21, são flagrantes violações dos dez
mandamentos, e as demais coisas que ele cita também são violações
dessa lei. Alguém alegou que pelo fato de Paulo não mencionar o
mandamento do sábado nesses textos ele o exclui. Que falácia é
essa, pois dessa forma também devemos supor que ele exclua o
terceiro, que trata de não tomar o nome de Deus em vão e não é
mencionado nesses textos. Mas, ao contrário, ele inclui todos os
demais dizendo: “e se há qualquer outro mandamento”
(Romanos 13:9), enfatizando que o amor é a base de todos
eles. Assim Paulo deixa claro que a lei dos dez mandamentos está em
pleno vigor, porque do contrário violar essa lei não deixaria as
pessoas fora do Reino de Deus, como ele diz em Gálatas. Não poderia
ser diferente, sendo que Paulo trabalhava fabricando tendas e todos
os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como
gregos – Atos 18:1 a 4. Isso não foi algumas semanas, mas por um ano e seis
meses (Atos 18:11). Ele tinha costume de pregar a Palavra no sábado
(Atos 17:2) assim cono nosso Senhor Jesus Cristo (Lucas 4:16). Isso
não era só uma questão de pregar nas sinagogas dos judeus, uma vez
que ele se reunia no sábado para adorar a Deus e pregar a Palavra a
quem encontrava em qualquer lugar onde pudesse orar (Atos 16:11 a
15). Tratava-se da prática do mandamento. Sendo o sábado uma
prática comum entre cristãos e judeus, como se evidencia nesse
texto de Atos dos Apóstolos, não é novidade que ele não se demore
nesse assunto, uma vez que não havia problema com a prática desse
mandamento.
Se
rejeitarmos os dez mandamentos e dissermos que essa é a lei abolida
citada por Paulo em Efésios, Gálatas e Colossenses, entramos em
contradição com o próprio contexto desses livros e com outras
declarações dele mesmo, como por exemplo: “a
lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois” (Gálatas 3:17).
No contexto ele fala de Abraão e diz que: essa lei estava em um
livro (o fato de Moisés escrever a lei dos rituais e regulamentos do
santuário em um livro não é mera coincidência), serviu de aio
para nos conduzir a Cristo, e que esse aio já não é mais
necessário (Gálatas 3:23 a 25). A lei que veio depois de Abraão
foi a do santuário, dada a Moisés, e era ela que simbolizava o
sacrifício de Cristo com o fim de conduzir as pessoas a ele. Como
visto acima, os dez mandamentos estão na Bíblia desde Gênesis, e
foram apenas escritos em tabuas de pedra por Deus no tempo de Moisés.
Outra declaração de Paulo, onde ele cita alguns dos dez
mandamentos, dizendo para obedecer é: “A
ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.
Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
cobiçarás, e, se há qualquer outro
mandamento,
tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor.” Romanos 13:8 a 10
Nesse texto, Paulo repete as palavras de Jesus: “Como
o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se
guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como
também eu tenho guardado os mandamentos de
meu Pai e no
seu amor permaneço. Tenho-vos dito essas coisas para que o meu gozo
esteja em vós, e o vosso gozo seja completo. O meu mandamento é
este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” João
15:9 a 12
Jesus é o Senhor do Sábado
O
Mestre obedeceu aos dez mandamentos de forma perfeita, por amor ao
Pai e a nós, e ele nos diz para obedecer aos seus
mandamentos, por amor a ele, como resultado de nossa união com ele para permanecer no seu amor, assim como ele obedeceu aos mandamentos do Pai e permaneceu no seu amor (João 15:9 a 12). Ele amplia a lei dos dez mandamentos no
contexto de sua vida, dizendo para obedecer amando como ele fez. Ele
ensinou e viveu a prática profunda deles, inclusive
guardando o sábado sem seguir as tradições de seu tempo sobre esse
assunto, mas com base no amor,
assim
como Deus ensinou por meio do profeta Isaías (Isaías 58). Enfatizou que a perfeição que requer não está baseada na obediência cega, como ensinavam os escribas e fariseus, mas na obediência por amor, fundamentada na prática do amor ao próximo (João 15:9 a 12; Mateus 5), que é o vínculo da perfeição (Colossenses 3:14).
Era seu costume adorar no sábado (Lucas 4:16). Jesus
curava no sábado, e mandou o paralítico carregar sua cama nesse
dia, então o criticaram. Eles tinham carregado o mandamento de
tantas tradições que não se podia carregar uma agulha no sábado.
E a cama que Jesus mandou o homem carregar tratava-se de um forro
onde as pessoas mais humildes dormiam, um tipo de tapete grosso, que
chamavam de cama. Jesus guardava o sábado com amor, não segundo as
tradições absurdas dos judeus, mas como Deus ensina por meio de
Isaías (Isaías 58). Os judeus procuravam matá-lo, acusando-o de
violar o sábado e se igualar a Deus. João 5:8 a 18 Jesus se declara
Deus, e eles não aceitavam isso. O trabalho de Deus é manter a vida
em ordem e, se ele parar de trabalhar assim, todos nós morremos. Da
mesma forma Jesus veio nos trazer vida, e curar nossas doenças. De
que ele é acusado? De curar o paralítico no sábado. Jesus estava
ganhando dinheiro com isso? Não, antes estava correndo risco de
morrer. Nosso Senhor Jesus nos deixa claro que o bem é licito no
sábado, e não constitui transgressão do mandamento. Ele diz
claramente que é lícito, ou seja, está de acordo com a lei do
mandamento do sábado, fazer o bem nesse dia, respondendo a uma
pergunta que lhe fizeram seus acusadores (Mateus 12:12).
Os discípulos colheram espigas para comer na hora
porque estavam com fome e foram condenados por fazer isso. Os
fariseus disseram que não era lícito, mas Jesus lhes mostrou
novamente que o amor é a base da lei dizendo que, assim como os
sacerdotes trabalhavam no sábado porque seu trabalho fazia parte da
adoração, e como Davi comeu os pães sagrados do templo porque ele
e seus homens estavam com fome e não havia outro alimento; os
discípulos também eram inocentes no que fizeram, ou seja, não
tinham quebrado o sábado. Os críticos modernos se unem aos fariseus
para dizer que Jesus não guardava o mandamento, mas como se vê o
mestre diz exatamente o contrário: o sábado deve ser guardado com
amor, praticando o bem, porque é licito salvar a vida praticando o
bem nesse dia – Como eu explico aqui. As atividades relacionadas com a
adoração fazem parte dele e por isso ele diz que os sacerdotes
trabalhavam no sábado e ficavam sem culpa. Os discípulos nesse caso
não trabalharam, apenas colheram espigas para comer na hora, não
faziam colheita nem outro tipo de trabalho naquele dia, o que seria
violação do sábado. Mateus 12:1 a 7
Jesus se declara Senhor do Sábado. Quem Jesus se
declara nessa expressão? Quem é o Senhor do Sábado, o seu criador?
Aquele que está acima da lei porque a criou? Levítico 23:3 diz:
“Seis dias trabalhareis, mas o sétimo dia será o sábado do
descanso solene, santa convocação; nenhuma obra fareis; é sábado
do Senhor em todas as vossas moradas.” Êxodo
20:10 completa: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor,
teu Deus...” O Senhor do sábado é o próprio Deus. O fato
de Jesus ser Deus Conosco (Mateus 1:23) nos deixa claro o que ele
está dizendo. Ele mesmo estabeleceu o mandamento ao criar o mundo
juntamente com o Pai (João 1:1 a 14; Colossenses 1:13 a 17). Nos
ensinou nesse episódio que o sábado foi estabelecido por causa do
homem, ou seja, para o nosso bem, e não o homem por causa do sábado
(Marcos 2:27). Todos nós precisamos de um dia para se desligar desse
mundo e se conectar totalmente com Deus, por isso ele criou o sábado.
Não foi feito para ser um fardo como queriam os escribas e fariseus,
mas uma bênção, um dia para se deleitar no Senhor, como diz em
Isaías 58.
Está claro que a rejeição da lei dos dez mandamentos
não contradiz apenas o ensino de Paulo, mas o ensino de Cristo, que
é o mesmo. Quando o jovem rico perguntou a Jesus sobre o que fazer
para alcançar a vida eterna ele respondeu que deveria guardar os dez
mandamentos e segui-lo (Mateus 19:16 a 22). E o jovem rico provou que
seu ídolo era a riqueza, o que significa que de fato ele não os
guardava, porque trocou Jesus pelas riquezas. Jesus diz claramente
que guardava os mandamentos do Pai, permanecendo em seu amor – João
15:10. Alguém chegou a me dizer que Jesus não guardava o sábado.
Nesse caso ele mente nesse verso que acabo de citar, porque o sábado
é um dos dez mandamentos de Deus (Êxodo 20:3 a 17), e Jesus diz
claramente que guardou os mandamentos do Pai. Como vimos, porém,
Jesus não mentiu, porque de fato ele guardou o seu sábado como ele
planejou que fosse guardado, ao criá-lo junto com o Pai: adorando a
Deus na prática do amor. Ele é o Senhor do sábado!
A unidade do tema na Bíblia
Para mim está bem claro, dado todo esse contexto
bíblico, que o evangelho de Jesus inclui a obediência aos dez
mandamentos, inclusive o quarto, que trata do sábado e
frequentemente é esquecido. Que a lei abolida foi a dos mandamentos
na forma de ordenanças referente ao santuário e seus rituais, e que
quando Paulo cita os sábados que eram figura e sombra das coisas
vindouras juntamente com as festas de lua nova e outras coisas
relacionadas à lei das ordenanças que aparecem no pentateuco, ele
fala dos sete sábados que estavam incluídos na tradição judaica
dessa lei. Mas, para enfatizar essa verdade, a Bíblia apresenta o
sábado do Gênesis, dos dez mandamentos, como essencial para entrar
no descanso de Deus, adorando-o em espírito e em verdade como nos
ensinou Jesus:
“Temamos,
portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de
Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado. Porque também
a nós foram anunciadas as boas novas, como se deu com eles; mas a
palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido
acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Nós, porém,
que cremos, entramos no descanso de Deus,
conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: não entrarão no
meu descanso. (Citação
de Salmos 95:11)
Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação
do mundo. Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo
dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.
(Citação
de Gênesis 2:2) E
novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso. Visto,
portanto, que resta entrarem alguns nele
e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles
aos quais anteriormente foram anunciadas as boas novas,
de novo determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo
depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
não endureçais o vosso coração. (Citação
de Salmos 95:7 e 8)
Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria,
posteriormente, a respeito de outro dia. Portanto, resta um
repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de
Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, afim de que ninguém
caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.”
Hebreus 4:1 a 11
Nesse texto está claro que os cristãos que creram
entraram no descanso de Deus. Desde o capítulo três Hebreus fala
que as pessoas do povo de Israel que saíram do Egito não entraram
na terra prometida por sua desobediência à lei de Deus, porque
endureceram o coração pelo engano do pecado (Hebreus 3:13, 15, 17 e
18; I João 3:4) e diz que nós devemos ter cuidado para não ser
endurecidos pelo engano do pecado (Hebreus 3:12 e 13), ou seja,
devemos obedecer a lei de Deus. No capítulo quatro ele diz
claramente que entrar no descanso de Deus inclui a obediência ao
mandamento do sábado, quando diz que para entrar nele precisamos
descansar de nossas obras como Deus descansou de suas obras –
Hebreus 4:10. Como ele descasou? O próprio contexto informa, citando
Gênesis 2: “E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as
obras que fizera.” Hebreus 4:4 Em Ezequiel Deus explica
porque ficou irado com o povo no deserto e fala do seu juramento
quando se irou com eles, enfatizando várias vezes que não o
adoraram como deveriam, profanando seus sábados com sua
desobediência, em idolatria rebelde:
“Tirei-os da terra do Egito e os levei para o
deserto. Dei-lhes os meus estatutos e lhes fiz conhecer os meus
juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles. Também
lhes dei os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles,
para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica (o
sábado dos dez mandamentos é que foi dado como sinal entre eles –
Êxodo 31:12 a 17). Mas a casa de Israel
se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos e
rejeitando os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá
por eles; e profanaram grandemente os meus sábados. Então,
eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os
consumir. O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não
fosse profanado diante das nações perante as quais os fiz sair.
Demais, levantei-lhes no deserto a mão e jurei não deixá-los
entrar na terra que lhes tinha dado, a qual mana leite e mel,
coroa de todas as terras. Porque rejeitaram os meus juízos, e não
andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sábados, pois o seu
coração andava após os seus ídolos. Não obstante, os meus
olhos lhes perdoaram, e eu não os destruí, nem os consumi de todo
no deserto.
“Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não
andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis os seus juízos,
nem vos contamineis com os seus ídolos. Eu sou o Senhor, vosso Deus;
andai nos meus estatutos, e guardai os meus juízos, e praticai-os;
santificai os meus sábados, pois servirão de sinal entre mim e
vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus.
“Mas também os filhos se rebelaram contra
mim e não andaram nos meus estatutos, nem guardaram os meus juízos,
os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles; antes, profanaram
os meus sábados. Então eu disse que derramaria sobre eles o meu
furor, para cumprir contra eles a minha ira no deserto.” Ezequiel
20:10 a 21
A referência usada pelo autor de Hebreus sobre o
descanso de Deus é o salmo 95. Esse salmo trata da adoração a
Deus. Ele convida para adorar a Deus porque ele é o Deus supremo, e
o grande Rei acima de todos os deuses, e porque ele nos criou e a
toda a natureza. A ira e indignação de Deus expressa em Ezequiel 20
está diretamente relacionada com a adoração. Ele fala da idolatria
como parte integrante da profanação dos seus sábados, dia
estabelecido por ele como dia de descanso solene para adoração a
ele, em celebração de seu amor ao criar todas as coisas, e por isso
mesmo sinal de ligação entre ele e seu povo (Êxodo 20:8 a 11;
31:12 a 17; Levítico 23:3). Esse dia de descanso Deus chama
frequentemente de 'meus sábados'. O salmo 95 trata da rebeldia do
deserto e também no contexto da adoração. Os salmos eram usados na
adoração no templo, aos sábados, e esse salmo em seu contexto é
um claro convite a adorar a Deus no sábado, dia de descanso dele, o
qual ele estabeleceu como um dia de celebração de seu ato de
criação, para o adorarmos como Rei supremo. A advertência sobre a
desobediência do deserto no contexto do descanso de Deus nesse
salmo, é uma referência ao pecado de Israel, que Deus apresenta em
Ezequiel 20, de profanar seus sábados de descanso solene, trocando a
adoração requerida por Deus por adoração de ídolos.
Referindo-se à advertência do salmo para adorar a Deus
no sábado, não o profanando segundo o mesmo exemplo de
desobediência do povo de Israel no deserto, Hebreus aponta para o
descanso sabático de Deus no Gênesis como modelo para nós hoje,
informa que os cristãos que creram entraram no descanso de Deus,
descansando de suas obras como Deus descasou no sétimo dia das suas,
e nos diz para fazer o mesmo. Também diz que a advertência de Davi
para entrar no descanso de Deus é evidência de que o povo continuou
rebelde em desobediência como seus pais no deserto e não entraram
no descanso de Deus. No livro de Esdras lemos que a ira de Deus sobre
o povo de Israel quando foram para o exílio também foi devido à
desobediência ao mandamento do sábado (Esdras 13:15 a 18), o que é
confirmado por Jeremias que foi o motivo pelo qual Deus permitiu aos
inimigos destruírem e queimarem as cidades deles (Jeremias 17:19 a
27). Sendo esse o dia de descanso solene de Deus para adoração
exclusiva a ele em celebração de sua grandeza e majestade como
nosso Criador, o que inclui a obediência de todos os outros
mandamentos (porque pretender adorar a Deus sem amar os outros em
obediência aos demais mandamentos é hipocrisia – I João 4:7 a
21), fica claro o fato dele se irar tanto com o povo por não
oferecerem essa adoração.
A própria ênfase no descanso de Deus nos remete ao
mandamento do sábado, uma vez que em declarações de Deus sobre o
tema na Bíblia ele diz que devemos descansar nesse dia como ele
mesmo descansou depois de criar o mundo, chamando o sábado de
“descanso solene; sábado do Senhor; o sábado do repouso
solene, santo ao Senhor” (Levítico 23:3; Êxodo 31:15).
Isso é tão evidente que a Nova Versão Internacional da Bíblia
traz o título “Um descanso sabático para o povo de Deus”
no capítulo quatro de Hebreus e traduz o verso nove dessa forma:
“Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de
Deus”. Hebreus quatro nos diz que o repouso de Deus é para nós e
devemos nos esforçar para entrar naquele descanso de Deus,
descansando de nossas obras no sábado como ele fez, ao ouvir a voz
de Deus hoje, dizendo para não endurecer o coração, evitando cair
no mesmo exemplo de desobediência à lei de Deus do povo de Israel
no passado (verso 11).
O livro de Hebreus nos mostra, dessa forma, que devemos
obedecer aos dez mandamentos, inclusive o sábado, e tomar cuidado
para não transgredir a lei teimando deliberadamente em pecar, depois
de ter o pleno conhecimento da verdade, porque nesse caso o que
aguarda os rebeldes pecadores é certa expectação horrível de
juízo e fogo vingador, prestes a consumir os adversários –
Hebreus 10:26 e 27. O Novo Testamento não exclui o dia do Senhor,
antes diz que ele continua tendo um dia seu (Apocalipse 1:10), que
logicamente é o sábado do quarto mandamento, o único dia em toda a
Bíblia que Deus insiste diversas vezes em chamar de seu,
exclusivamente seu. O dia de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus Conosco,
o Senhor do Sábado – Mateus 12:8.
Tendo em vista tudo o que foi exposto aqui, concluo sem
sombra de dúvida que não devemos obedecer os dez mandamentos para
ser salvos, mas como resultado da salvação, porque Jesus nos salva
para a obediência, “pois somos feitura dele, criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas” (Efésios 2:10) e por isso podemos
perder a salvação pela desobediência aos seus mandamentos,
inclusive o sábado, como aconteceu com os rebeldes do povo de Israel
no passado. Portanto, “hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais
o vosso coração”. Antes, “desenvolvei a vossa salvação
com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade” Filipenses 2:12 e 13
“Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma!
Antes, confirmamos a lei.” Romanos 3:31
“Ora,
sabemos que o temos conhecido [Jesus]
por isto: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: eu o
conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não
está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele,
verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos
que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também
andar assim como ele andou.” I João 2:3 a 6
“Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus:
quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos. Porque este é
o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus
mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de Deus
vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.
Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho
de Deus?” I joão 5:2 a 5
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e
mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao
ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e propósitos do coração.” Hebreus 4:12
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação
na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.” II Timóteo 3:16 e 17
A harmonia bíblica é fascinante. Dessa forma
entendemos que, na Bíblia, o sábado, como o santo dia do descanso
solene de Deus, está no centro dos dez mandamentos, intimamente
ligado aos demais por ser o dia separado pelo Criador para adoração
exclusiva a ele. Jesus, Paulo, João e o livro de Hebreus estão em
harmonia com o Pentateuco, Esdras, Davi, Isaías, Jeremias e Ezequiel
nesse assunto dos mandamentos. Jesus os chama de meus mandamentos,
enfatizando a prática deles em amor como ele fez. Resta seguir o
Mestre e viver, por seu Espírito, a prática dessa lei de amor,
seguindo o seu exemplo. Não em nossa força, mas por sua graça, “o
preceito da lei se cumpre em nós que não andamos segundo a carne,
mas segundo o Espírito” (Romanos 8:4)!
A paz de Cristo esteja contigo!
OBS.: Para compreender o assunto de forma completa é
imprescindível estudar o tema conferindo as passagens bíblicas.
Referências
Bíblia: Almeida, Revista e Atualizada – 2ª
Edição, Sociedade Bíblica do Brasil.